O Telescópio Espacial Hubble é o instrumento científico mais popular de todos os tempos no campo da astronomia. Disso não resta a menor dúvida. E, agora que ele está para receber uma visita de reparos, virou o centro das atenções.

Pode parecer pouco, mas cada missão de manutenção como essa (e já foram quatro) é um marco importante. A rigor, todo instrumento lançado ao espaço fica lançado à sua própria sorte. Se um equipamento falhar, ou mesmo pifar, pode esquecer. Não tem assistência técnica para esses casos, mesmo que o instrumento esteja na garantia. O máximo que dá para fazer é uma atualização de “software” que consiga dar um jeitinho na operação do instrumento. Mas se quebrar mesmo…

O Hubble vai receber sua quinta e última missão de reparos, a qual, se tudo correr bem com o clima da Flórida, deve começar nesta segunda, dia 11. Entre outras coisas, o Hubble deve sofrer uma troca de baterias (a primeira em 19 anos!) e terá um novo instrumento instalado. Ele é chamado de Espectrógrafo das Origens Cósmicas (COS, em inglês) e custou à Universidade do Colorado uns 70 milhões de dólares. Esse instrumento já deveria estar à bordo do Hubble desde 2004, mas sucessivos atrasos, por causa do acidente que destruiu o ônibus espacial Columbia, impediram que ele fosse instalado antes. Aliás, esse acidente quase cancelou esta última missão de manutenção.

O objetivo do espectrógrafo é estudar a luz ultravioleta emitida por quasares muito distantes. A idéia é obter informações sobre a composição química do Universo quando ele era muito jovem e sobre como essa química evoluiu ao longo dos tempos. Esse será o instrumento instalado no Hubble mais sensível a operar no ultravioleta e com ele será possível também estudar a luz das primeiras estrelas formadas no Universo.

Falando nisso, quando o Hubble foi concebido, um de seus objetivos centrais era determinar o valor da taxa de expansão do Cosmos. Quando Einstein descreveu matematicamente o Universo, a ideia de um Universo em expansão apareceu naturalmente. Mas, sem evidências observacionais, ele inseriu uma constante que mantinha o Universo estático. Em outras palavras, era como uma força interna que segurava o universo e o impedia de se expandir. Mas, em 1923, Edwin Hubble descobriu que as galáxias estavam na verdade se afastando umas das outras, e a partir de então os astrônomos passaram a correr atrás do valor dessa taxa de expansão. Sabendo-se o valor da taxa, dá para deduzir a idade do Universo.

Determinar a taxa, chamada de constante de Hubble, é um dos “projetos-chave” que justificaram a construção, lançamento e manutenção do telescópio espacial. Na época de seu lançamento na década de 1990, o valor da constante tinha uma incerteza de 100%: os valores aceitos eram 75 ou 150 km/s a cada megaparsec (uma unidade de distância apropriada para o estudo do Universo).

Nesta semana saiu o novo valor dessa constante: 74,8 km/s por megaparsec, mas com uma incerteza muito menor, de pouco mais que 5%. Esse estudo foi efetuado com o uso de duas câmeras, a que opera no infravermelho (NICMOS) e no visível (ACS). Com esse valor é possível se estimar a idade do Universo simplesmente calculando o inverso da constante, e isso dá 13,1 bilhões de anos. O valor, obtido através do estudo de estrelas Cefeidas em galáxias distantes, é apenas 5% menor que o valor obtido através do estudo da radiação cósmica de fundo pelo satélite WMAP.

Mais do que obter uma idade do Universo cada vez mais precisa, o valor da constante de Hubble fornece pistas sobre a misteriosa energia escura que domina o Cosmos. É ela que faz com que o Universo hoje esteja em expansão acelerada.
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Comentário: "O fato de se chegar a uma constante de expansão, em si mesmo não dá mais que material para aguçar nossa finita mente. Dizer que tudo começou há 13,1 bilhões de anos já está mais pro ramo filosófico do que científico, pois quem garante que tudo se iniciou de um ponto no nada? Aliás, o que é o nada? Enfim, conseguimos apenas o fascínio do que podemos observar... De qualquer forma o Hubble merece reparos, com suas imágens únicas me faz sentir a genialidade e grandeza do meu Deus..." [RAB]

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